Mauricio Figueiredo

Educação, recursos humanos e o melhor do et cetera

quinta-feira, 19 de abril de 2018

DEZ VIDAS TIVESSE

* MAURICIO FIGUEIREDO

A HISTÓRIA DO BRASIL é recheada de episódios novelescos e altruístas. Conta-se que com a corda no pescoço o alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, no dia 21 de abril de 1792, teria dito: Dez vidas tivesse; dez vida daria".
Não há o que se contestar. Se Tiradentes não tivesse dito essas palavras na hora da morte: deveria ter dito. E ponto final. E ainda tem a turma que alega que o Herói da Pátria jamais usou barba. Alguns admitem que ela cresceu na hora de ir para a forca. Como alferes tinha o rosto lisinho e bem escanhoado. Não importa, os livros de História Antiga procuram assemelhá-lo ao Jesus Cristo idealizado pelos irmãos do Norte.
O grande fato é que no ideário de Tiradentes, na República, o Presidente Vargas, o Grande, também saiu da vida com um tiro no peito para entrar na História. Há quem diga que a Carta Testamento chegou a ter uma mexida posterior para tornar-se mais dramática.
Não importa: com as eleições presidenciais de outubro imagino qual candidato seria capaz de dar dez vidas pelo Brasil caso tivesse.
Só vejo um capaz de tal proeza, mas infelizmente está preso em uma masmorra como o Homem de Ferro, de Dumas.
Pensando bem, nem ele, pois ninguém é de ferro.

* Editor da Agência Repórter Digital
Ilustração: Pintura de Oscar Pereira da Silva, do Museu da USP



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