Mauricio Figueiredo

Educação, recursos humanos e o melhor do et cetera

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Os Neros da Educação


Mauricio Figueiredo

Há mais de 70 dias, os profissionais de Educação de Mangaratiba, na Costa Verde do Estado do Rio, encontram-se em greve. Eis um acontecimento que deveria, como tantos outros causar uma grande comoção. Mas, infelizmente, a parcela menos favorecida da sociedade, apesar dos protestos de rua,  ainda sofre com a "vida de gado" imposta por alguns governantes.

Quando vemos pessoas morrendo em filas de hospitais, posta de qualquer maneira em macas improvisadas ou mesmo em um canto do chão e ao mesmo tempo, equipamentos caríssimos apodrecendo em depósitos por falta de profissionais habilitados a operá-los, temos a dimensão do quanto é preciso ser feito em termos de educação no país.

A precariedade de nossas estradas, dos nossos equipamentos urbanos; nosso péssimo sistema de transporte; a falta de uma política habitacional; e de acesso a educação de qualidade, nos leva a constatação do distanciamento entre os que governam e a massa da população.

Diante disso, jovens indignados - como novos Castro Alves - protestam nas ruas, lutando pela libertação dos "novos escravos" do século XXI - os marginalizados do acesso à saúde, educação, transporte, moradia, etc -.
É verdade que muito tem sido feito, mas ao mesmo tempo, muito mais poderia ser feito no caso da fixação das verdadeiras prioridades e principalmente o combate rigoroso à praga da corrupção, com os desvios de verbas.

E é na educação, onde os efeitos são mais dolorosos. A democracia tão bravamente conquistada pela luta de muitos acaba sendo aviltada pela ação criminosa dos que se agarram em cargos públicos, fazendo do jogo político um instrumento de desencanto entre os eleitores.

A ação dos maus políticos é o caminho que leva aos regimes de exceção tão prejudiciais ao pleno desenvolvimento de um país. E nesse aspecto, a má qualidade da educação é valioso instrumento para a despolitização da sociedade, impedindo a solidificação do regime democrático.

Por isso, os 70 dias de estudantes sem aula, em Mangaratiba, são o retrato de um Brasil, cujos políticos passaram a fazer do factóide instrumento de aproximação com o eleitorado, tentando enganar ainda os menos esclarecidos.

Uma espécie de Neros do mundo atual, anunciando que desistiram de colocar fogo em Roma, mas em contrapartida incendiando tudo com o descaso com as coisas essenciais, entre elas a educação.