Mauricio Figueiredo

Educação, recursos humanos e o melhor do et cetera

sábado, 19 de novembro de 2011

Zumbi: que feriado é esse?


"Quando fui para África do Sul, me perguntaram como nós brasileiros fomos capazes de criar um modelo de racismo tão sofisticado que a vítima não se sente atingida e o agressor não sabe que agride. Por isso a discussão das cotas é legal. Porque expôs o racismo embutido". A declaração do professor de Ética Carlos Alberto Santos, da Universidade de Brasília ( UnB) é prova cabal de uma situação interna em nosso país, que, pelos mais diversos motivos, grande parte das pessoas, mesmo as letradas, com acesso a estudos, documentos e avaliações, preferem não enxergar o escamotear em nome de uma propensa política racial brasileira que serve de modelo para o mundo.

Mais a dura realidade, como na história infantil do menino da corte que teve a coragem de mostrar a todos que "o rei está nu", o racismo é um forte componente da sociedade brasileira, e a visão vinda da África do Sul também pode ser verificada por muito mais especialistas que estudem a fundo a realidade do negro em nosso país. Aqui o negro é maioria absoluta nas prisões e nos bolsões de miséria, juntando-se à massa da população pobre proveniente do Norte e Nordeste em busca de melhor oportunidade de emprego e melhoria de renda nos grandes centros como São Paulo e Rio. Aos negros marginalizados somam-se os pardos da miscigenação - orgulho nacional - e de alguns poucos brancos que não conseguiram ascender socialmente.

Quando o brasileiro vê o sistema de casta da Índia, no estilo daqueles que não olham o próprio nariz, acreditam que em nosso país não há esse tipo de discriminação. E estão certo, só a força do poderio econômico, do enriquecimento pode fazer que o negro se torne um homem de "alma branca". Embora sejamos a segunda maior nação em número de negros do mundo, só perdendo para a Nigéria, a visibilidade do negro no Brasil é mínima. Quem sintoniza em uma TV por assinatura a transmissão de nossa corte maior, o Supremo Tribunal Federal (STF) se depara com um ministro negro ladeado por seus pares brancos ou quando muito amorenados. Tal fato ocorre em diversos outros segmentos do estrato social, tais como, as igrejas, partidos políticos, universidades, magistério (principalmente o de nível superior), medicina, direito, meios de comunicação (em especial a televisão) e demais profissões consideradas nobres. O espaço cativo do negro tem sido o samba, o futebol e a mão de obra barata do mercado de trabalho (em especial a informalidade e o mundo produtivo da marginalidade).

De acordo com várias pesquisas, um jovem branco de 25 anos tem, em média, mais 2,3 anos de estudo que um jovem negro da mesma idade, e essa intensidade da discriminação racial é a mesma vivida pelos pais desses jovens – a mesma observada entre seus avós. Isso também ocorrem em relação a renda, na qual um trabalhador negro percebe remuneração inferior a um branco com o mesmo nível de escolaridade.

A desigualdade racial brasileira, marcada pela exclusão social, foi objeto de recriminação por entidades internacionais, quando praticamente exigiu-se providências do governo brasileiro em relação ao assunto. A partir daí surgiram alguns projetos de lei no Congresso Nacional, destacando-se também a implantação nas universidades das ações afirmativas para os negros.

O feriado de Zumbi - 20 de novembro - desse modo se incorpora a tentativa de se colocar um representante negro no panteon dos grandes heróis nacionais. Mas para muitos, a luta de Palmares nada tem a ver com o Brasil embranquecido por anos e anos por práticas racistas tão bem observada por comentaristas da África do Sul, ao citarem a sutileza de nosso "apartheid". 

Conforme escreveu o antropólogo Darcy Ribeiro, "Palmares podia ganhar e ganhou mil batalhas sem consolidar jamais sua vitória - dada a inviabilidade histórica de um socialismo extemporâneo. Mas não podia perder nenhuma. Perdeu".

E ainda hoje, que perde é o próprio Brasil ao não enxergar em seu racismo o eixo perverso de todas as suas mazela: Do Oiapoque ao Chuí passando pelo enigmático mundo da Rocinha carioca, a partir de nossa população pobre da qual o negro é a grande matriz.

Bandeira do Brasil, ninguém te manchará

Após a proclamação da República no Brasil, no ano de 1889, criou-se uma nova bandeira para representar a nova fase da história brasileira. A bandeira do Brasil Império (1822-1889) foi substituída pelo projeto de Raimundo Teixeira Mendes e Miguel Lemos, com desenho de Décio Vilares, mas a inspiração dos autores para produção da nova bandeira continuava sendo a bandeira do período imperial desenhada pelo pintor francês Jean Baptiste Debret. Já o Hino à Bandeira brasileira apareceu pela primeira vez em 1906, com letra do poeta Olavo Bilac e música de Francisco Braga.  O início da letra diz: 
 
"Salve, lindo pendão da esperança,
Salve, símbolo augusto da paz!
Tua nobre presença à lembrança
A grandeza da Pátria nos traz.
Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!"
 
A Bandeira brasileira também é exaltada em um hino do Exército "Fibra de Herói", com letra de Teófilo de Barros Filho e música do maestro Guerra Peixe. Um trecho da letra diz:
 
" Bandeira do Brasil
Ninguém te manchará
Teu povo varonil
Isso não consentirá
Bandeira idolatrada
Altiva a tremular
Onde a liberdade
É mais uma estrela
A brilhar"
 
 

terça-feira, 15 de novembro de 2011

República: Deodoro perdeu a paciência


No dia 14 de novembro, o Marechal Deodoro estava muito mal de saúde. Muitos temiam pela sua morte. Benjamin Constant inclusive depois de visitar o velho marechal declarou que se ele não amanhecesse vivo o golpe da República iria por terra. Deodoro era o único em condições de fazer a Proclamação sem gerar um racha no Exército.

O velhinho, no entanto, acordou firme e lépido no 15 de novembro, embora tivesse passado muito mal à noite, surpreendendo Quintino Bocaiúva e Benjamin Constant que foram visitá-lo nas primeira shoras da manhã. A Casa de Deodoro fica alí na Praça da República (perto do Campo de Santana) na quase esquina com a Presidente Vargas. Dalí, o marechal partiu de carro (sua condição de saúde não permitia que montasse a cavalo, como aprendemos nos textos heróicos em nossas escolas) rumo ao Palácio do Exército (é aquele prédio imponente nas proximidades da Central do Brasil, conhecido por quem mora ou conhece bem o Rio de Janeiro). A distância é bem curta. Deodoro, Quintino e Benjamin foram ao encontro da tropa que se descolara de São Cristóvão.

O objetivo de Deodoro era o de depor o Gabinete Ouro Preto. É bom não esquecer que o marechal tinha um grande apreço pelo Imperador Pedro II. Tanto que ao chegar ao Palácio do Exército resolveu subir em um cavalo e tirando o boné deu um "viva o imperador!", mas seu grito enfraquecido foi logo abafado pelas salvas de artilharia, com disparos ordenados por Benjamin Constant.

Ainda enfraquecido pelo seu mau estado de saúde, Deodoro ao entrar no quartel-General procurou de imediato o Visconde de Ouro Preto, a quem queria derrubar do cargo. Ao encontrá-lo noticiou que o mesmo estava demitido sob a acusação de perseguir os oficiais ou mesmo de dissolver  o Exército. O bate boca foi áspero, com Deodoro dizendo que tinha sacrificado sua saúde nos pântanos do Paraguai em benefício da pátria.

A resposta de Ouro Preto foi a gota d'água para a derrubada do Império: __ Maior sacrifício, general, estou fazendo, ouvindo-o falar.

O tempo fechou e Deodoro ordenou a prisão de todo Gabinete.

A derrubada do Gabinete Ouro Preto, contudo, não significou a Proclamação da República. Ainda, à noite, de volta a casa Deodoro continuava em cima do muro, embora pressionado por Benjamin Constant a tomar uma decisão. Isso só ocorreu quendo recebeu notícias de que Pedro II convocara Silveira Martins para organizar o novo Gabinete. Ora Silveira Martins, hoje uma rua da zona sul do Rio, era nada menos que um dos maiores inimigos de Deodoro. O marechal perdeu a paciência e o Imperador Dom Pedro II dançou de vez.
Artigo publicado na www.agenciareporterdigital.com.br

sábado, 5 de novembro de 2011

O crescimento das milícias


  Os governantes abandonaram a educação pública e o ensino privado ocupou o espaço, principalmente, no ensino superior e nos níveis anteriores voltados para a classe média. Abandonaram a saúde e proliferaram clínicas, hospitais e planos de saúde privados. Por isso, com o abandono da segurança, o surgimento das milícias - que se espalham pelo território nacional - é algo mais do que previsível.
A raiz de tudo isso está nos baixos salários que o poder público oferece a seus servidores - professores, médicos, policiais, entre outros -, obrigando o profissional a se desdobrar em mais de uma atividade na tentativa de aumento de renda. No caso dos policiais, nem sempre o caminho se volta para atividades lícitas e o problema também se agrava pela má qualidade dos cursos de formação da Polícia Militar, com os efetivos não recebendo a preparação adequada tanto em termos de duração do aprendizado, como da especificidade do serviço a ser executado.
O efetivo aumenta a cada ano, com a convocação de concursos, quando ao mesmo tempo cresce o número de profissionais expulsos ou condenados devido a conduta inadequada no exercício da profissão. A Polícia - em especial a Militar - passa a não ter o nível técnico e intelectual desejável para a atuação em um Estado democrático.
A estratégia do poder público, como no Rio de Janeiro, é a da criação de Unidades Pacificadoras que se multiplicam nas áreas empobrecidas da cidade. Um remédio que apenas ameniza os efeitos da grave doença que toma conta de todo tecido social. (RECADO DO REPÓRTER)

www.agenciareporterdigital.com.br

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Lambança

Antes pegar ônibus era uma moleza... A gente identificava as 


linhas pelas cores diferentes de cada uma. Cores alegres, 


parecendo alegorias de escolas de samba. Agora - como tudo 


funcionava bem - um gênio resolveu que todas linhas da zona


 norte devem ser pintadas iguais de um verde cor


desbotada. Confunde as pessoas que não sabem ler e 


também os que possuem problema de visão... Os anarquistas

estão certos: "se tem governo 


sou contra". Só fazem lambança.

Hotel das Estrelas


Feriado de 2 de Maio - Jards Macalé na vitrola: "Dessa janela


 sozinha. Olhar a cidade me acalma. Estrela vulgar a vagar. 


Rio e também posso chorar..." (Jards Macalé-Duda) - No 


Hotel das Estrelas o pensamento voltado a todos os queridos 


que já se foram...

Problemas no trabalho

"Não estou aguentando mais as reclamações da montoeira de chefes no meu trabalho. Estou para explodir e acabar largando tudo. Só não fiz isso ainda porque dependo do salário e não tenho nada em vista. Não sei o que fazer?" (Paulo D. Cancela - Nova Iguaçu)


Resposta - Paulo trabalho sempre é problema. Possivelmente você seja um cara novo, com pouca experiência no mercado de trabalho. Por isso, mais tarde verá que tudo servirá de 
aprendizado tanto para o local em que já atua ou até mesmo para um outro no futuro ou até mesmo para um empreendimento pessoal... Vá com calma... Muitos podem te aconselhar a chutar o balde. Isso, no entanto, seria válido se você tivesse outra fonte de renda (mesada dos pais, poupança, etc). Mas, como você mesmo diz o salário atual é necessário e não há nenhum outro em vista. Se a insatisfação não tiver solução, o jeito é que você aos poucos vá sondando outras oportunidades. Quem sabe um concurso público?


Como diz a canção do Paulinho da Viola "Faça como o velho marinheiro que durante o nevoeiro leva o barco devagar". Boa sorte