Mauricio Figueiredo

Educação, recursos humanos e o melhor do et cetera

sábado, 27 de novembro de 2010

A Guerra do Rio

Ninho de sonho e de luz

 
O Rio de Janeiro vem assistindo, nos últimos dias, uma guerra que vem trazendo pânico a grande parte da população. Ela é resultado direto dos vários anos de abandono do Poder Público da população mais sofrida, de menor renda e de capacidade política e social da cidade.
As áreas de favelas onde se concentra a maioria dos negros da cidade e dos brancos pobres, além de nordestinos que procuram melhor sorte em uma cidade grande, sempre foram negligenciadas pelas autoridades.
Favela é nome originado de Canudos, povoado construído em um morro com essa denominação e sonho megalomaníaco de Antonio Conselheiro, que desafiou o governo federal e em contrapartida teve praticamente toda a sua população de homens, mulheres e crianças dizimadas.
O crescimento da marginalidade nos morros e favelas do Rio foi assistido de forma complacente pelos governantes. O tráfico de drogas, como ocorrem, mundialmente, é fonte de renda e enriquecimento de muitos, sendo os “soldadinhos de chumbo” das facções criminosas apenas uma ponta de uma grande rede.
Devolver a população ordeira e trabalhadora das comunidades o direito de ir e vir é dever do Estado democrático. Mas, é também muito mais do que isso. É dever dar a cada morador o verdadeiro sentido de cidadania, com direito a escola de qualidade, saúde de qualidade, policiamento de qualidade e vida de qualidade.
Só então teremos a Cidade Maravilhosa descrita pelo poeta André Filho: “Que Deus te cubra de felicidades. Ninho de sonho e de luz”.
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SindJustiça quer 24% para todos

Depois de conquistar o pagamento dos 24% aos autores da ação,

 greve arranca primeira proposta da base governista

Na tarde de 25 de novembro, quinta-feira, a Comissão de Negociação da categoria — Edma Castro, Vilson Siqueira, Wagner Cordeiro, Marília Macedo, José Carlos Arruda e Roberto Gomes, os três últimos coordenadores do Sind-Justiça — se reuniu com o deputado estadual Edson Albertassi (PMDB), presidente da Comissão de Orçamento, Finanças, Fiscalização Financeira e Controle da Alerj. Também participaram da reunião Ana Carolina, advogada do Sindicato, e Sérgio, serventuário do Fórum do Méier.
O objetivo do encontro era o de tentar uma solução quanto ao pagamento dos 24% ao conjunto da categoria, pois o percentual já está nos contracheques dos autores da ação.
O deputado disse que, apesar do Estado ter condições financeiras para arcar com o pagamento integral do percentual, isso não está previsto no Orçamento de 2011, que está em debate no Legislativo.
Desta forma, Albertassi apresentou a seguinte proposta aos serventuários: pagamento dos 24% em quatro parcelas anuais de 6% cada, sempre no mês de janeiro. Desta forma, a primeira parcela seria paga já em janeiro de 2011 e as seguintes em 2012, em 2013 e a última em 2014.
“Quanto ao restante da Pauta Mínima de Negociação — que se consubstancia nas seguintes reivindicações: julgamento do Recurso de Apelação em tramitação na 20ª Câmara Cível; reversão e anistia das punições aos servidores que aderiram à greve, tais quais: a) corte de ponto; b) redução de vencimentos em decorrência de faltas da greve; c) remoções dos servidores grevistas; d) cassação das licenças sindicais dos coordenadores do Sind-Justiça; e) Processos Administrativos de greves anteriores — o deputado garante que toda ela fará parte do mesmo ato de negociação”, diz nota da Comissão de Negociação divulgada no site do Sindicato.
Para Albertassi, qualquer acordo deve ser homologado dentro da própria ação que solicita a extensão dos 24% — a mesma que tramita na 20ª Câmara Cível. Com isso, o deputado disse que não haveria impacto no Orçamento do ano que vem.
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segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Mães e Filhos

O desempenho dos filhos na escola é um grande problema para muitos pais. É importante criar na criança o hábito do estudo e
da responsabilidade com horários e realização dos deveres de casa. Muitas delas precisam de uma ajuda dos pais, pois não
possuem disciplina suficiente para planejarem o tempo de estudos. Em alguns casos, quando possível é necessário que a criança
tenha um orientador para as disciplinas de maior dificuldade. Há situações, no entanto, em que a questão exige a ajuda de outros
profissionais como psicólogos, orientadores educacionais, etc. O importante é que não se crie na criança uma aversão à escola.



Mãe: Oi, estava aqui me estressando com o meu filho, pois ele está com notas baixas. Tá difícil.
15:09 eu: Não leve escola tão a sério - O importante é verificar o potencial certo dele e deixar que seja desenvolvido naturalmente.
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15:11 Mãe: Ele já ficou em 4ª avaliação de Português e como a média está na faixa de 5,0 não sei se vai conseguir a média 7,0 para passar.
15:13 eu: Muitas vezes os pais cobram dos filhos além do necessário. É preciso ver se a escola é a ideal para ele... Cada criança e mesmo cada indivíduo possui um ritmo próprio. Nem sempre as escolas estão aptas a detectar essas coisas...

15:15 Mãe: Já matriculei ele em outra escola, mais parecida com a que ele estudava antes.
15:17 eu: É preciso levar em conta que a mudança de bairro e estilo de vida - que isso implica - acarreta uma certa influência. É melhor que ele estude em uma escola menos traumática e vá fazendo cursos livres em áreas que ele demontre maior interesse...

15:18 Mãe: Foram várias mudanças, na verdade. Na escola anterior, ele não tinha cobrança, mas tinha uma explicadora. Agora, ele tem mais responsabilidade e tem que estudar sozinho
15:19 eu: Pois é. Nem sempre as pessoas possuem condições ou jeito para estudar sozinho. É melhor estudar em uma escola menos rígida e ter tempo para desenvolver as potencialidades em outras atividades. É um erro dos pais - penso eu - dramatizar muito a importância de coisas como escola e estudo...

15:20 Mãe:  Está doido para estudar em uma outra escola, on de tem mais amigos, só que ela é muito cara

15:21 eu: Qual a coisa que ele mais gosta de fazer?
 Mãe: Jogar futebol e desenhar.

 eu: Beleza... Se eu fosse ele, estudaria em uma escola pública ou em uma mais accessível e aproveitaria o resto do dia para praticar esportes...
15:23 Se eu fosse ele, juntaria o dinheiro economizado e investiria em cursos ligados ao maior interesse dele.

 Mãe: Ele joga futebol em uma escolinha. Algumas notas até melhoraram depois disso, mas Português é a maior dificuldade.
15:24 -  É por que Português não é visto, ainda, como importante para ele.

6 minutos
15:34 Mãe: Talvez eu esteja cobrando demais dele. É difícil aceitar que uma criança tão inteligente e criativa não consiga ir bem nesta escola. Agora diz que a professora tá perseguindo ele. Para ele a escola não tem nada de atraente, é apenas uma obrigação.

15:35 eu: Você agora tocou no X do problema. 1 - está exigindo demais dele, é óbvio. 2 - ele não tem empatia com a professora, nem com a escola. Qual a idade dele?
 Mãe: 13 anos
15:38 eu: Com 13 anos, para muitos meninos, o normal é querer ir a praia, sair com os amigos, namorar, passear, ver televisão, jogar videogame, etc... Então não há nada de errado com ele. Precisa apenas compreender que na vida há coisas que a gente gosta e as que não gosta. é como o jogo de futebol. Às vezes se ganha, outras se perde. É preciso estabelecer um pacto. Pode se encontrar um escola mais flexível, menos exigente, mas nunca será a ideal e abrir espaço para ele ir fazendo e se aperfeiçoando nas coisas que gosta e outras que irá passar a gostar...

7 minutos
15:55 Mãe: Grande abraço.

Para bate papo, escreva para mauriciopfigueiredo@gmail.com.br

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

UPPES homenageia Folha Dirigida

A União dos Professores Públicos no Estado (UPPE-Sindicato), em comemoração aos 22 anos que funciona como sindicato, está prestando homenagem à Folha Dirigida, pelos 25 anos de fundação do jornal. “Resolvemos fazer a homenagem à Folha Dirigida, justamente, no momento em que dos nossos 65 anos de existência, completamos 22 como sindicato. O jornal foi fundado em 1985, defendendo a bandeira da educação e dos concursos públicos, dando grande contribuição para o surgimento da Constituição Federal de 1988, que permitiu, com a abertura democrática, a sindicalização por parte dos servidores públicos”, explicou a presidente da UPPES, professora Teresinha Machado da Silva.

Ela disse que “a UPPES foi a primeira entidade de servidores públicos no país a se transformar em sindicato, o que ocorreu em 16 de novembro de 1988. Tal fato permitiu maior crescimento na apresentação das reivindicações dos professores da rede estadual e, desde o início, a Folha Dirigida, por também defender a valorização da escola pública e do magistério, constou como um de nossos parceiros”.

Segundo a presidente da UPPES, a homenagem pelos 25 anos da Folha Dirigida demonstra “a nossa admiração por um veículo de comunicação que dá ênfase à questão educacional, abrindo espaço para todas as correntes de pensamento, permitindo, desse modo, um debate que serve para a melhoria da própria educação.”

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domingo, 14 de novembro de 2010

Felicidade e a tristeza de sempre

                                             O senador Cristovam Buarque tem se caracterizado como grande defensor da educação. Trata-se de uma bandeira fundamental para quem sonha com um país em condições de obter crescimento auto sustentável. Mas, ao mesmo tempo, não figura como algo que garanta votos fáceis a um político.
                         Conta-se mesmo do prefeito que investiu fortemente em educação, construindo boas escolas e remunerando bem os professores da cidade. Nas eleições seguintes perdeu o cargo para adversário que, em gestão anterior, criara fama construindo praças, abrindo novas ruas e avenidas, trazendo artistas de fora para shows e festas constantes.
                        É praxe se dizer que educação não rende dividendos eleitorais. Justamente, pelo baixo nível educacional da população e também pela pouco padrão cultural dos chamados “letrados”, a educação nunca conseguiu ser de fato uma prioridade dos governantes.
                       Recentemente, o senador Buarque apresentou proposta para que todas as escolas brasileiras tivessem uma biblioteca, coisa que pareceria óbvia quando se pretende levar a sério o ensino. Agora, ele aparece como autor de proposta de emenda constitucional que inclui entre os direitos sociais dos cidadãos a busca da felicidade.
                       Cada vez mais, no Brasil cria-se a ideia de que as coisas possam mudar por meio de leis. Nesse particular, nossa Constituição é plena de artigos que se fossem colocados em prática, significariam o próprio Céu na Terra. Mas, no fundo, o papel aceita tudo, até mesmo a felicidade por decreto.
                       Mas, como assinalava o poeta Vinicius: “A felicidade é como a pluma. Que o vento vai levando pelo ar. Voa tão leve. Mas tem a vida breve. Precisa que haja vento sem parar.”        
                        Em termos de políticos, com suas propostas fantasiosas, continuaremos eternamente seguindo os versos do poeta: “Tristeza não tem fim. Felicidade sim”.


terça-feira, 9 de novembro de 2010

Enem: MEC o grande reprovado

Tive a oportunidade de diversas vezes comentar a falta de sentido de exames gigantescos como o famigerado Enem – garoto propaganda do MEC. Qualquer especialista da área de concursos sabe da importância máxima que se deve dar a segurança de um exame. É por isso, que concursos de massa como os do Banco do Brasil e outros são regionalizados pelas organizadoras. Em vez de se realizar um mostrengo de concurso, com milhares e milhares de provas circulando pelo extenso território nacional, procura-se dividir o país por região com as provas – em menor número – sendo efetuadas em dias diferentes.

Já no caso do Enem do MEC, insiste-se no gigantismo, colocando-se em risco a segurança do concurso e ao mesmo tempo aumentando-se, desnecessariamente os gastos. Não é a primeira vez que são detectadas falhas no sistema, mas, em vez de optar pela regionalização, o ministério prossegue na teimosia de manter a “maior sala de provas do mundo”, com 3,4 milhões de participantes.

Talvez mal assessorado, titubeando nas respostas em entrevista a um canal televisivo amigo (NBR – estatal), o ministro Fernando Haddad, demonstrou a falta de agilidade e firmeza que seria esperado do titular do MEC diante de mais uma nova “lambança”. Preferiu ficar em cima do muro, enquanto a questão foge da órbita educacional para a da Justiça e também policial.

Agora, em atitude desesperadora tenta-se “tapar os buracos da peneira”, com medidas fantasiosas como a de se querer descobrir a identidade do repórter do Jornal do Commercio, que divulgou o tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A direção do jornal diz que prefere não revelar o nome do jornalista, embora o repórter, que fez o exame e enviou ao veículo o tema da redação, possa ser processado pelo MEC, que alega que o profissional "cometeu ato ilícito ao atentar contra as regras do certame". Ao contrário disso, é voz corrente entre a garotada que as salas de prova do Enem são palco de uma “colatina” generalizada e que a fiscalização, justamente por causa do gigantismo, não é das mais eficiente.

A tentativa de intimidação do jornal repete, praticamente, um episódio sobre quebra de sigilo em vestibular da Universidade Federal Fluminense (UFF), quando a Folha Dirigida de posse das questões que vazaram, as publicou em sua edição, pois não havia, ainda, a comprovação da autenticidade das questões. O argumento da Folha foi a de que as questões foram deixadas na portaria do jornal por uma pessoa desconhecida.

O Jornal do Commercio, por sua vez, justifica a preservação da identidade do repórter, alegando que não era a intenção do jornal divulgar o tema da redação, mas que o caso “serviu para comprovar a fragilidade do sistema da organização”.

O gigantismo do Enem e a sua eficácia como instrumento de avaliação, é um tema a ser visto pelo futuro ministro da Educação do governo Dilma Rousseff. Por enquanto, o grande reprovado tem sido o próprio MEC pela teimosia em manter um mecanismo altamente fragilizado.

sábado, 6 de novembro de 2010

Monteiro Lobato e o politicamente correto

                                                  
Gosto muito de citar um trecho do “Bom dia para os defuntos”, de Manoel Scorza, no qual uma pequena cidadezinha do interior peruano, campeã em corrupção e bandalheiras, de repente vê ocupar a sua Comarca um importante juiz. O magistrado em um passeio pela praça da cidade deixa cair do bolso uma reluzente moeda de prata. Ela passa a ser o símbolo da “honestidade” do lugarejo. Ninguém ousa apanhar para si a moeda. É feita vigília na madrugada para que ninguém se aposse da moeda. Há um clima de tensão no ar, para que a moeda não seja carregada por algum larápio esperto. Até que, em um certo dia, o juiz passeando pela praça, bate com os olhos na moeda. Ele se abaixa e a coloca no bolso. E Scorza completa dizendo que “a cidade suspira aliviada”.
 Esse tem sido também o problema mal resolvido do Brasil com o racismo. Parte da chamada elite brasileira nunca admitiu a existência de um país com elevado contingente de negros, só perdendo em número para a Nigéria. O “embranquecimento” da população brasileira chegou mesmo a ser política de Estado, com a abertura para a imigração sendo uma dessas estratégias. Ao colono europeu foi dada muita oportunidade, enquanto ao negro brasileiro apenas a carta de alforria da princesa Isabel e mais nada.
Mas vamos a Lobato. Trata-se do Pai da chamada Literatura Infantil brasileira. As Histórias do Sítio do Pica-pau Amarelo são um marco em nossa literatura e os livros do escritor fonte de ensinamentos preciosos tanto para crianças como também para os adultos que tiveram a oportunidade de lerem seus livros para os filhos.
No passado, houve tentativa de banimento de Lobato de nossas escolas sob a acusação de divulgar ideias “comunistas” para as crianças. O ridículo da acusação não colou.
Agora, em pleno século XXI, vem à tona nova carga contra o escritor, acusando-o de racismo em virtude de trechos do livro As Caçadas de Pedrinho, com referências politicamente incorretas ao personagem negro Tia Anastácia.
Um dos grandes problemas educacionais e culturais brasileiro tem sido a falta das pessoas ditas “letradas” não exercerem, plenamente, a capacidade da contextualização.
Nesse aspecto, para ficarmos no campo da Literatura apenas, qualquer obra precisa ser vista e analisada em relação ao seu contexto histórico, geográfico e social.
Se uma contextualização até mesmo a famosa Bíblia acaba sendo digna de ser levada à fogueira.
Como a cidade de Scorza, tentamos disfarçar o nosso racismo (o negro é maioria nas cadeias, na população de baixa renda, de baixa escolaridade, etc), procurando proteger a “valiosa moeda” da nossa hipocrisia.
Em boa hora, o ministro da Educação, Fernando Haddad, colocou um freio no disparate. Pelo andar da carruagem poderia acabar sobrado para o menino e a professora maluquinha do nosso atual Ziraldo.